quarta-feira, 30 de junho de 2010

CONSERVAÇÃO DE OBRAS DE ARTE EM PAPEL

CONSERVAÇÃO DE OBRAS DE ARTE EM PAPEL

Tratando da serigrafia com um caráter mais voltado as artes plásticas, um dos suportes ou substratos mais usados que podemos citar é o papel.
Há ainda uma certa resistência quanto a utilização do papel em obras de arte em função de sua fragilidade. Entretanto, alguns cuidados básicos são fundamentais para a preservação de uma obra em papel. Se pensarmos que existem gravuras impressas por xilo ou metal feitas no Renascimento que resistem até os dias atuais, veremos que o papel não é tão perecível assim.
A primeira providência a ser tomada em relação à conservação de obras em papel deve partir do próprio artista, ou de seu impressor/editor, no momento da escolha do papel que servirá como suporte para a obra.
Um papel de boa qualidade, que seja neutro ou alcalino, garante melhor conservação.
Além disso, é necessário que sejam adotados também alguns procedimentos para o acondicionamento, montagem e exposição dos trabalhos, como por exemplo:

1. Temperatura entre 12º C e 22º C.
2. Umidade relativa do ar entre 45 e 55%
3. Temperatura e umidade devem ser sempre constantes.
4. Luz: uso de filtros anti-UV (ultravioleta)
5. Higienização periódica do acervo
6. Proibição de alimentos próximos às áreas de serviço.
7. Não colocar nenhum material que contenha ferro, próximo de acervos de papel. Ex.: clips, grampos metálicos, caixas, instrumentos ou armários que estejam enferrujados.
8. Não colocar pesos sobre as obras.
9. Não utilizar fita adesiva em contato com a obra.
10. Manter afastado 15 cm do chão a última prateleira da estante, mapoteca ou armário.
11. Manter o acervo distante de áreas próximas a encanamentos.
12. Manter o ambiente arejado e limpo.
13. Vistoriar o acervo periodicamente.
14. Utilizar papéis ou cartões de boa qualidade nas montagens, nas exposições, nos transportes ou na guarda.

MONTAGEM IDEAL:

As obras de arte devem ser protegidas por passe-partout (cartão montado em forma de moldura ou “janela”, composto de fibras 100% algodão ou linho, ou com papéis com baixo teor de lignina - substância que se deposita nas paredes das células vegetais, conferindo rigidez. É o que dá consistência à madeira, a qual pode conter até 25% de lignina.).
Em toda montagem os papéis deverão ser de boa qualidade, ou seja, não ácidos, de preferência alcalinos. Os papéis para fixação (juntas e lombadas em livros) poderão ser tiras em papel japonês, pois são leves, fortes e flexíveis, sendo compostos por longas fibras de celulose pura. Os mais recomendados são os de fibra de kozo.
As colas mais indicadas são as de amido ou de metilcelulose.
A proteção transparente (vidro) deve proteger de radiações ultravioleta. Ex.: UF 3, Plexiglas (Rohm and Haas). O acrílico não é aconselhável para: pastéis, desenhos a carvão ou objetos com material friável, (que pode reduzir-se a fragmentos ou a pó) pois causam acúmulo de eletricidade estática. A obra não deve ser colocada diretamente em contato com o vidro, pois se devem evitar choques com as mudanças de temperatura do ambiente. Para isso, o passe-partout deve ter pelo menos uma altura mínima de 3 mm.
A moldura deve ser forrada com cartão de boa qualidade, fechada hermeticamente, com tiras de papel cola.
Os objetos de papel deverão ser expostos em áreas de iluminação moderada, seca e com pouca variação de temperatura e umidade.

MOBILIÁRIO PARA ACONDICIONAMENTO

Madeira: deverá ser selada com poliuretano hidrossolúvel, com prateleiras revestidas com laminado metálico inerte.

Aço: deverá ser pintado ou revestido com acabamento resistente.

Armários metálicos: deverão ter acabamento em verniz seco em estufa.

Obs.: Obras em grandes dimensões devem ser guardadas em mapotecas ou em caixas especiais, sempre em pastas ou invólucros apropriados. Obras em papel, em geral, não devem ser enrolados, nem acondicionados em sacos plásticos. É aconselhável uma proteção com interfolhagem em papel alcalino. Para evitar presença de umidade, podem ser utilizados sachês com sílica gel ou timol.

Alexandre Ferreira

terça-feira, 29 de junho de 2010

A História da Serigrafia

A História da Serigrafia
Por Alexandre Ferreira
A palavra Serigrafia vem de SERICUM que em latim significa SEDA, e GRAPHIA, que em grego significa GRAVAR, DESENHAR, ESCREVER.
Ao que parece, a serigrafia descende da técnica de impressão por molde vazado, um método que provavelmente surgiu da observação das perfurações que os insetos fazem sobre as folhas de vegetais. Alguns estudos sobre os antigos povos das ilhas Fidji mostram que seus habitantes perfuravam folhas de bananeira e pelas aberturas aplicavam tintas vegetais decorando seus utensílios.
Os egípcios já utilizavam a técnica de molde vazado na decoração de interiores centenas de anos antes de Cristo.
Na verdade, as primeiras telas de que se tem notícia foram produzidas no Japão há muitos séculos, e eram feitas com fios de cabelos humanos trançados e as máscaras que vedavam a passagem da tinta eram feitas com folhas de árvores e papéis.
O historiador romano Quintiliano (120 d.c.) descreve meninos romanos sendo alfabetizados a partir dos modelos de letras feitas em pequenas tábuas de madeira e calcadas com pontos e pó de carvão. Teodorico, o Grande (526 d.c.), Justiniano Primeiro (565 d.c) e o Imperador Carlos Magno (771 d.c.) recorriam a técnica conhecida por "estrisido", na assinatura de seus decretos, copiando com um estilete de marfim o molde de suas respectivas assinaturas moldadas em placas de ouro.
No século XVI já era reconhecido o profissional recortador que eram contratados por reis e guerreiros para estampar seus feitos e os símbolos da Igreja nos estandartes dos que partiam em cruzadas.
No final do século XIX surge na França o POCHOIR (pronuncia-se POCHOAR), que hoje é conhecido como molde vazado e foi aprimorado e patenteado na Inglaterra por Samuel Simon em 1907, já utilizando uma trama de tecido de seda.
Muito difundida pelos Norte Americanos durante a Segunda Guerra Mundial, a serigrafia torna-se conhecida como SILK-SCREEN ou “tela de seda”.
A serigrafia comercial como conhecemos hoje, ou Silk-Screen, é utilizada na impressão de camisetas, adesivos, brindes e papéis, e possibilita uma rápida produção e de custo relativamente baixo.
Atualmente a serigrafia é feita com uma trama de nylon ou poliéster presa a uma moldura de madeira ou alumínio e nesta trama fica gravada a imagem que será impressa. O processo de gravação da matriz pode ser feito de inúmeras maneiras, dentre elas podemos destacar:
  • Matriz Fotográfica: é a mais utilizada. Passa-se uma cola com sensibilizante no nylon e a camada é seca com ar quente. O desenho deverá ser feito em uma transparência (fotolito ou nanquim sobre acetato). Este desenho e colocado sobre o vidro de uma mesa com luz por baixo. Sobre o fotolito, fica a tela. Após um determinado tempo de exposição, a tela é lavada e as partes pretas correspondentes no fotolito se abrem, permitindo assim a posterior impressão do desenho, idêntico ao fotolito. Neste processo podem ser utilizadas fotografias, como nos trabalhos realizados por Andy Warhol, onde o artista combina serigrafia e pintura a pincel.
  • Matriz com Filme de Corte: o filme de corte é uma película de laca nitrocelulose com uma base de acetato. O desenho é cortado no filme com estilete EM NEGATIVO. Cola-se o filme na tela com um thinner especial. É um processo bem próximo ao pochoir, com a vantagem de eliminar as pontes que sustentam a parte interna das letras, além da maior durabilidade da matriz.
  • Matriz de Papel: utiliza-se papel recortado para criar o desenho. O papel cortado é colado à tela com a própria tinta a partir da primeira impressão. Este processo não permite um número muito grande de impressões devido à pouca resistência do papel ao atrito do rodo e da tinta, mas é uma técnica muito usada por artistas que trabalham a serigrafia como uma nova linguagem plástica. Este processo foi muito utilizado pelo mestre da serigrafia brasileira, Dionísio Del Santo.
  • Goma Laca e Crayon: utiliza-se um ou outro diretamente sobre o nylon, vedando as áreas onde não ser deseja imprimir.
A impressão sobre papel é feita geralmente com tinta vinílica ou sintética utilizando-se um rodo de borracha que lembra um pouco o rodo utilizado para puxar água em casa, mas é especial para o uso em serigrafia. Existem tintas específicas para cada tipo de material (substrato).
A serigrafia não é totalmente reconhecida como um processo de gravura pelo fato de a imagem não precisar ser pensada “espelhada”, além da matriz não imprimir por contato pois a tinta atravessa a matriz de impressão.
É necessário trabalhar em local ventilado, mas não requer muitos gastos com equipamentos como prensas. Uma pequena mesa e uma garra feita com dobradiças são suficientes para o serígrafo iniciante.
(Este texto é parte integrante da apostila do curso)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

LIVRO IMPRESSO EM SERIGRAFIA


O post de hoje veio de uma indicação de Raul Motta, amigo meu dos tempos de Uerj.

Vale muito a pena assistir esse vídeo. Um livro artesanal impresso em serigrafia.
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Árvores secretas e sagradas

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/753553-arvores-secretas-e-sagradas.shtml

"A vida secreta das árvores" (lançado no Brasil pela WMF Martins Fontes), indicado na seção "Ilustríssima semana" desta edição, é mais um dos livros feitos quase artesanalmente pela editora independente Tara Books, que há 16 anos publica o que chamam obras de "fina forma e rico conteúdo".

A indiana Tara Books, fundada em 1994 por Gita Wolf com o nome de Tara Publishing, mudou de nome e tornou-se em 2008 um empreendimento coletivo, onde todos os profissionais do projeto tornaram-se também proprietários.

As páginas de "A vida secreta..." são fruto de um workshop realizado em Chennai, no sul da Índia, com três artistas da tradição gonde, que acredita que as árvores são seres sagrados e que vêm à vida durante a noite.

"Nós trabalhamos muito perto dos artistas tribais, e queremos trazer a arte que produzem para o formato de um livro como se fosse em uma exposição, não com uma função documental. Ou seja, fazemos do livro também um objeto de arte", explica a fundadora da editora, Gita Wolf.

Um vídeo, com legendas em inglês, mostra um pouco da produção aqui

http://www.youtube.com/watch?v=om6i3enGZ8c

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VIDA SECRETA DAS ÁRVORES, A

Infantis e juvenis

SHYAM / BAI / URVETI

"Um livro em que o rouxinol canta até o amanhecer." – John Berger

"Um livro fulgurante, misterioso e encantador... em que se mesclam o mítico, o mundano e o poético, numa visão de mundo integral que contrasta de maneira pungente com o fragmentado mundo pós-moderno." – Publisher’s Weekly

"Este é um livro que amplia nossa compreensão do mundo." – Fine Books and Collections

Os gondes, habitantes das florestas da Índia central, acreditam que as árvores são o centro da vida. Durante o dia, elas oferecem sombra, abrigo e alimento. À noite, depois que todos os visitantes diurnos se vão, os espíritos das árvores se revelam. Este livro contém belas reproduções em silk-screen, feitas artesanalmente, de gravuras originais de três dos principais artistas vivos da tradição gonde. Cada figura é acompanhada por um texto que introduz o leitor ao imaginário gonde, em que se integram os aspectos prático, estético e espiritual do mundo natural.

Por: 65,00

ISBN: 9788578272036

Número de páginas: 44

Editora: WMF MARTINS FONTES

Acabamento: Capa Dura

Formato: 34 X 24cm

Peso: 620gr

Edição: 1ª Edição - 2010

Os autores

Bhajju Shyam , autor do livro The London Jungle Book, é um dos artistas mais conhecidos de sua tribo, que se destaca por suas telas esmeradas e profundas. Seu trabalho tem se difundido amplamente, exposto em importantes eventos na Índia e na Europa.

Durga Bai é uma jovem artista que está sempre revendo e ampliando as fronteiras da arte gonde, criando um trabalho que emite uma energia característica. É ilustradora do livro One, Two, Trees, encantador livro de contos infantis já traduzido para o holandês, o francês, o alemão e o japonês.

Ram Singh Urveti é um artista sereno e brilhante, respeitado pelo refinamento de sua técnica e por sua sofisticação. Sua obra cria um universo de fantasia e metamorfose, cheio de formas organicamente detalhadas.