domingo, 25 de julho de 2010

Técnicas alternativas de impressão serigráfica

Aqui descrevo algumas técnicas de impressão não muito convencionais no uso comercial , mas muito úteis para aqueles que tem interesse em experimentar a serigrafia como linguagem plástica.


Matriz de Papel:

Em uma tela previamente preparada em nylon 44 e com área de tinteiro (para o formato A3 a mancha de impressão pode ser de 25 x 38 cm o que deixa as margens no papel com 2 e 2,35 cm), podemos realizar impressões com moldes vazados em papel vegetal (ou outros) utilizando a tinta sintética para serigrafia e tendo como substrato papéis. É um processo muito utilizado no meio de serigrafia artística para produção de gravuras. O molde vazado se gruda à matriz com a própria tinta sintética a partir da primeira impressão. Esta técnica permite uma quantidade razoável de impressões (em média 50 cópias) e a qualidade da imagem depende unicamente da destreza do serígrafo em cortar a máscara (molde vazado) no papel vegetal. Esta técnica permite impresões com bom relevo de tinta. Há ainda a técnica de "impressão seca" onde faz-se uma frottage de algo com relevo (papelão corrugado, telas grossas ou papéis grossos) e depois "calcamos" o nylon com a textura capturada contra o papel a ser impresso sem usar o rodo, somente as mãos.
OBS: A limpeza da tinta sintética após o uso é feita com aguarrás. É a tinta que melhor se aplica a esta técnica.

Matriz de Goma Laca:

A tela preparada com goma laca não apresenta uma qualidade boa para detalhes finos, pois é preparada pelo serígrafo aplicando-se goma laca (ou “asa de barata” ) com pincel diretamente no nylon da tela já esticada. È um tipo de matriz mais utilizada para uso em aplicações artísticas ou que não requeiram muita precisão no traço, ou que o artista queira reproduzir uma pincelada em negativo.
A goma laca, que vem em flocos deve ser diluída em álcool 99,3º GL ou 92,8º GL de modo que fique espessa como mel e possa ser aplicado com um pincel diretamente no nylon, bloqueando a passagem de tinta em umas áreas e deixando o que quer que seja impresso sem a goma.
Essa matriz pode ser utilizada com tintas acrílicas (base de água) ou com tinta sintética para serigrafia (limpeza com aguarrás).
Para reaproveitar a tela, coloque-a sobre algumas folhas de jornal, e com uma estopa embebida em álcool, esfregue até dissolver toda a goma do nylon.

Matriz com Filme de Corte:

O filme de corte, ou filme de máscara, é uma película de laca nitrocelulose translúcido e pode ser encontrado nas cores RUBI (vermelho) e ÂMBAR (alaranjado) entre outras.
Esta película possui uma base de poliéster ou acetato transparente, que tem por função manter reunidas as partes do desenho que será cortado com estilete na parte fosca do filme (parte de laca).
No processo de colagem, deverá ser utilizado um thinner de acabamento encontrado em lojas de tintas comuns ou de produtos serigráficos.
Coloque o filme já recortado em negativo com a parte fosca para cima.
Coloque a tela com o nylon já desengraxado em contato com o filme e passe uma estopa embebida com thinner, sem encharcar, sobre o nylon e conseqüentemente, sobre a parte de laca do filme.
A laca do filme derreterá o suficiente para soltar de sua base de acetato e aderir à trama do nylon.
Aguarde aproximadamente 10 minutos até o thinner evaporar da tela.
Retire a base de acetato do filme com cuidado. Havendo necessidade, repita o processo nas partes que não aderiram perfeitamente.
Verifique se há furos indesejáveis na matriz. Se houver, utilize laca vedante ou derreta com thinner as partes do filme que você eliminou do desenho. Em uma lata, coloque os pedacinhos de filme e despeje thinner até formar uma pasta viscosa, que será aplicada com um picel fino, fazendo assim os retoques necessários. Não use recipientes plásticos para esta receita. Esta mesma pasta pode ser aplicada na moldura da tela para torná-la impermeável, protegendo assim a madeira por muito mais tempo.
O inconveniente do processo de colagem é que se houver qualquer problema de aderência do filme, o recorte terá que ser totalmente refeito, mas em compensação é uma matriz de rápida confecção, com boa durabilidade, se bem feita.
A matriz de filme de corte é resistente à tintas acrílicas e sintéticas.
Para reaproveitar a tela: Coloque algumas folhas de jornal sob a tela. Derrame thinner e esfregue bem com uma estopa para que o filme se solte da trama da tela e “grude” no jornal. Repita o processo até limpar totalmente o nylon.

sábado, 10 de julho de 2010

A serigrafia por Kainã Lacerda

Resolvi reproduzir aqui um resumo bem humorado feito por um aluno do curso, amigo e futuro (já é) grande ilustrador Kainã Lacerda sobre como preparar uma tela e silkar uma camiseta. Divirta-se! Depois visitem o blog dele:

http://mostardacrua.blogspot.com/







sábado, 3 de julho de 2010

Longa exposição a solventes pode afetar o cérebro.

A maioria das tintas encontradas no mercado e a necessidade de aplicação em substratos de difícil aderência tornam, muitas vezes, inevitável o uso de tintas à base de solvente. Entretanto, é de grande importância que o serígrafo e o empresário do ramo saibam dos perigos que esses solventes podem trazer, e assim tomar todas as precauções necessárias, seja na busca de materiais menos nocivos ao homem e ao meio ambiente, seja na utilização correta dos EPI (equipamentos de proteção individual).
Segundo artigo publicado por pesquisadores holandeses na revista “Annals of Neurology”, a exposição prolongada a substâncias a base de solvente, pode causar sérios distúrbios em circuitos do cérebro. Os autores classificaram essas alterações de encefalopatia induzida por uso crônico de solvente (ou CSE, na sigla em inglês).
As pessoas que sofrem de CSE apresentam problemas de memória e atenção, além de dificuldades psicomotoras depois de uma longa exposição a solventes. Os casos da doença, tratada como um problema de saúde ocupacional, estão aumentando de acordo com especialistas.
Os autores do estudo investigaram grupos de dez pacientes com CSE que tinham sido expostos a solventes e tiveram falhas cognitivas de leve a grave; dez pessoas expostas a solventes mas sem sintomas de CSE e 11 indivíduos não expostos a esse tipo de substância e que não apresentavam os sintomas de CSE.
Todos os participantes foram submetidos a análises, incluindo exames de ressonância magnética e tomografia computadorizada. Os cientistas investigaram um circuito cerebral ligado ao tálamo.
Aqueles com CSE apresentaram redução da substância dopamina D2, sinal de que teriam sofrido danos na capacidade psicomotora e atenção. Isso também foi associado à exposição grave a solventes, segundo os autores. A densidade do neurotransmissor dopamina parece estar ligada à capacidade psicomotora.
Os dez indivíduos expostos a solventes, mas que não apresentavam os sintomas de CSE, também mostraram problemas semelhantes. Porém, eles eram menos extensos. Foi detectada ainda nos dois grupos a diminuição dos níveis de colina, que tem função importante na neurotransmissão da área cinzenta do cérebro.
Outro estudo apresentado na Revista de Saúde Pública com o título: “Solventes de cola: abuso e efeitos nocivos à saúde” das pesquisadoras Maria de Fátima Menezes Pedrozo e Maria Elisa Pereira Bastos de Siqueira, nos apresenta os principais efeitos nocivos da inalação dos vapores de solventes e tintas em nível do sistema nervoso central: os solventes orgânicos, de modo geral, são depressores do sistema nervoso central e, de acordo com o período, freqüência e intensidade da exposição, provocam desde sonolência, confusão mental e cefaléia, até depressão respiratória, coma e morte. As cetonas, presentes em vários solventes serigráficos, promovem narcose assim como o tolueno e o n-hexano, por apresentarem lipossolubilidade (penetração na menbrana celular) e velocidade de eliminação menores.
Outros tecidos do organismo podem ser também afetados pelos solventes, tais como a pele, mucosas, tecido hematopoiético (medula), fígado e rins.
A exposição por curto prazo dos solventes provoca irritação das mucosas oculares e das vias aéreas superiores, ao passo que a exposição por longo prazo leva a inflamação na laringe, dor no estômago e sinais cutâneos característicos da ação destrutiva sobre a pele. Em nível muscular promove fraqueza generalizada. A ação tóxica sobre o fígado pode levar à hepatite e hepatomegalia (aumento do fígado). A nível renal já foi comprovado hematúria (sangue pela urina), acidose tubular e síndrome de Fanconi.
Evolução de sinais e sintomas decorrentes da inalação de solventes sobre o Sistema Nervoso Central:
1ª Fase – Excitação, euforia tontura, alucinações visuais e auditivas, tosse, salivação, fotofobia, náuseas, vômitos, comportamento bizarro.
2ª Fase – Depressão
a)Leve: confusão, desorientação, perda do autocontrole, visão turva, zumbidos no ouvido, dor de cabeça, palidez.
b)Moderada: sonolência, ansiedade, falta de coordenação muscular e de reflexos e oscilações na visão.
c)Intensa: inconsciência, delírio, estupor, pesadelos, convulsões.

(por Alexandre Ferreira)

Fontes:
Diário da Ciência (Science Daily) – 16/04/2008
http://www.sciencedaily.com/releases/2008/04/080415111635.htm

Revista de saúde pública - Solventes de cola: abuso e efeitos nocivos à saúde
Maria de Fátima Menezes PedrozoI; Maria Elisa Pereira Bastos de SiqueiraII
IInstituto Médico Legal do Estado de São Paulo – Rua Teodoro Sampaio, 151 – 05405 – São Paulo, SP – Brasil
IIDepartamento de Fisiologia e Farmacologia da Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas – Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 – 37130 – Alfenas, MG – Brasil
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-89101989000400009&script=sci_arttext

Escolha do Nylon/Poliéster


A trama de poliéster (chamada comumente de nylon) é o ponto de partida para o trabalho serigráfico. Sua lineatura é dada em fios por centímetro. O fio pode ter diferentes espessuras (identificadas por S, T e HD) e ainda pode ser de monofilamento ou multifilamento.
Não existe uma fórmula certa para a escolha do nylon. Alguns serígrafos utilizam determinadas tramas por terem mais facilidade de trabalhar, adquirida com a experiência própria. Entretanto, é necessário tomar certos cuidados na escolha, levando em conta os seguintes parâmetros:
- Tipo de desenho: desenhos com traços finos necessitam de nylons mais fechados, para não perder os detalhes.
- Evitar serrilhado: nylon muito aberto facilita o aparecimento de serrilhado no desenho, onde o cortorno da imagem apresenta um aspecto de uma serra ou "escadinha". É preciso saber se a tinta necessita realmente ser impressa com trama aberta, como a tinta puff onde o nylon aberto permite uma maior carga de tinta e o efeito do puff fica mais aparente, ou se o substrato pode “disfarçar” o defeito do serrilhado, no caso de impressão sobre superfície irregular ou porosa, como malha piquet, por exemplo.
- Proteção do substrato: uma carga muito grande de tinta pode destruir o substrato que será impresso, como por exemplo, uma bola de aniversário. Um nylon mais fino controla melhor a carga de tinta e do solvente que ela carrega, evitando que a bola estoure. Na impressão sobre materiais que não absorvem a tinta, como o vidro, é preciso controlar a carga de tinta para evitar que a impressão saia borrada.

Aqui vão algumas dicas para a escolha do nylon.

Número de Fios por cm² - Aplicação ou Substrato

12 / 18 - Glitter, cola para flocagem.
44 - Tecidos Grossos, Jeans, tinta Puff, Toalhas, Adesivo para Flocagem, Áreas de cor chapada.
62/ 77 - Papelão, madeira e tecidos em geral.
77 - Retículas até 45 pontos por polegada e Policromia em tecido.
100 / 120 - Retículas até 45 pontos por polegada e detalhes finos em papéis e outros materiais (exceto tecidos), bolas de gás, auto-adesivos, brindes.
130 / 200 - Vidros, cerâmicas, impressões cilíndricas, retículas especiais (até 80 pontos)

Após a esticagem, a tela deverá ser lavada com um detergente neutro ou produto próprio para desengraxe de matrizes. Este processo elimina a “graxa” utilizada na fabricação do nylon e outras impurezas que possam vir a interferir na aderência do filme de corte, capilar ou da emulsão fotográfica na tela, causando furos e má formação da imagem.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Numeração de Gravuras



Numeração de Gravuras

Normalmente deixa-se uma margem em torno da mancha de impressão. A medida pode variar, mas em média é de 5 cm. A assinatura do artista é sempre feita a lápis, nessa margem, fora da mancha de impressão, em baixo e do lado direito do papel.
O Título do trabalho fica também na margem inferior, centralizado.
Na margem, no lado esquerdo, em baixo fica a numeração. Se forem, por exemplo, cem gravuras, a primeira recebe a inscrição 1/100, a segunda, 2/100 e assim por diante até 100/100. A quantidade de gravuras impressas é definida pelo artista. É uma questão de ética com o comprador/colecionador que essa numeração seja respeitada. No caso de uma tiragem posterior a edição original, esta deve ter a indicação de série B ou II (dois em romano)
A impressão feita durante a elaboração do projeto e das provas de cor, dá-se o nome de Prova de Estado, e escreve-se P.E. no lugar da numeração. São gravuras quase finalizadas, mas com algumas diferenças da tiragem final, ou então impressões que mostram as etapas passo a passo da colocação das cores. As P.E.s são o registro do processo de criação.
Nas Provas do Artista escreve-se P.A. Normalmente são feitas em quantidade de 10% do total da tiragem.
P.I. é a Prova do Impressor. Se não foi o artista que imprimiu e sim um impressor de gravuras, este recebe uma cópia do trabalho. Algumas vezes, o impressor é convidado a assinar todas as cópias da edição, como se fosse um “co-autor” da obra.
H.C. significa “Hors Commerce”, ou fora de comércio. Geralmente são feitas em pequena quantidade, para brinde. Não podem ser vendidas.
H.S. é “Hors Serie” ou F/N (fora de numeração). Reprodução sem tiragem. Pode ser uma monotipia (cópia única ou 1/1).
Exemplo: (cópia 1 de uma edição de 50 cópias.)